O presenteísmo tem se tornado uma preocupação porque atrapalha a produtividade da equipe. Por isso, no decorrer deste post, vamos apresentar o conceito do termo e descrever de maneira esclarecedora e completa como ele gera esse impacto negativo.
Além disso, você poderá entender como o presenteísmo se difere do absenteísmo e como é importante o cuidado com a saúde mental dos colaboradores. Ao final do texto, incluímos algumas dicas para reduzir o problema. Acompanhe!
O que é presenteísmo?
Presenteísmo é o comparecimento do colaborador ao trabalho quando ele não está em condições de fazê-lo, como quando está indisposto ou doente — até mesmo de licença médica.
Em princípio, essa atitude pode parecer uma demonstração de boa vontade e comprometimento com o trabalho, o que não deixa de ser verdade em alguns casos. Contudo, é preciso considerar os comportamentos com base nos resultados que eles geram, e não na intenção.
Além disso, um presenteísmo ocasional pode não trazer grandes problemas, mas a adoção recorrente desse tipo de prática agrava o problema e pode trazer consequências gravíssimas, seja para saúde e a qualidade de vida do colaborador, seja para produtividade da empresa ou por eventuais responsabilizações legais trabalhistas.
Como o presenteísmo impacta a produtividade do time?
Segundo a Harvard Business Review, o presenteísmo pode reduzir a produtividade no trabalho em mais de 30%. Não é difícil entender os motivos dessa diminuição no rendimento do profissional. Basta lembrar da última vez que precisou fazer alguma coisa quando tinha dor ou desconforto, pois, nessa situação, é comum que tenhamos dificuldade de concentração.
Isso sem levar em conta que qualquer atividade executada sem a devida atenção pode gerar acidentes, erros, repetições e longas interrupções no trabalho de parte da equipe — se algum acidente mais grave exigir providências urgentes.
Além disso, mesmo quando não há prejuízo na concentração, é esperada a diminuição no ritmo de trabalho. Outro aspecto fundamental é que o presenteísmo não impacta apenas do fator quantitativo — caracterizado pela diminuição da produtividade —, mas também do qualitativo, pois a execução de qualquer atividade em condições precárias compromete a qualidade do processo.
Qual é a diferença entre presenteísmo e absenteísmo?
O absenteísmo ocorre quando o colaborador se ausenta do ambiente de trabalho — por falta ou até mesmo atrasos constantes —, em razão de:
- Doenças;
- Problemas pessoais;
- Depressão;
- Problemas de transporte;
- Desmotivação etc.
Contudo, a principal causa do absenteísmo costuma ser resultado de problemas de saúde, muitas vezes possíveis de evitar com adoção de programas preventivos.
Essa definição pode fazer parecer que o presenteísmo e o absenteísmo são comportamentos opostos. No entanto, eles devem ser tratados como problemas que ocorrem em paralelo e que, inclusive, podem influenciar no agravamento um do outro.
De um lado, o absenteísmo pode gerar constrangimento, fazendo com que o colaborador se sinta pressionado para comparecer à empresa, mesmo sem estar em condições, o que caracteriza o presenteísmo. Do outro, o presenteísmo pode agravar problemas de saúde, aumentando o período de absenteísmo.
Qual é a relação do presenteísmo com a saúde mental dos colaboradores?
Quando alguém assume executar alguma tarefa sem estar em condições de fazê-lo, está impondo um certo nível de agressão a si mesmo. Com o passar do tempo, esse efeito forma uma carga cumulativa agravando a situação e, provavelmente, gerando novos problemas.
Dores constantes ou alergias não tratadas, por exemplo, podem comprometer a saúde mental no trabalho ao longo do tempo. Como resultado, é natural esperar certa irritabilidade do colaborador, seguida da formação de um quadro de ansiedade e depressão — o que compromete o relacionamento com a equipe e, dependendo do número de envolvidos, prejuízo ao clima organizacional.
Como reduzir o presenteísmo na empresa?
Diante da tomada de consciência do problema do presenteísmo, a nossa primeira reação tende a ser monitorar os colaboradores, buscando identificar pistas do problema para coibi-lo diretamente.
Entretanto, é muito mais fácil e eficiente entender os motivos que podem levar as pessoas a irracionalidade de comparecer ao trabalho, quando não estão em condições de exercê-lo da forma esperada.
O primeiro aspecto a observar é que situações econômicas e sociais de crise aumentam o receio de perder o emprego, o que é um tipo de estímulo para que as pessoas escondam detalhes que possam ser interpretados como pontos fracos, levando ao presenteísmo.
Qualquer que seja o motivo do receio, ele tende a ser agravado quando o colaborador tem a sensação de não ser valorizado, seja pelas lideranças, seja pelos seus colegas.
Também pode haver cautela ao precisar informar sobre um problema de saúde, especialmente aqueles que são tratados com preconceito em muitas empresas, como a depressão, muitas vezes interpretada como falta de boa vontade e determinação.
O acúmulo de trabalho também pode ser uma razão para o presenteísmo, especialmente quando o colaborador sente culpa ou dificuldade de atender a expectativa de produtividade atribuída a ele. Por fim, também é comum que algumas doenças e problemas de saúde sejam considerados menos graves do que realmente são, ou insuficientes para justificar uma falta ao trabalho.
Identificar o presenteísmo também pode ser muito difícil em razão de que os seus efeitos, sobretudo a diminuição de produtividade, podem ser resultado de inúmeras causas. Por isso, é importante que as lideranças estejam capacitadas e qualificadas para desenvolver e manter um relacionamento transparente com a equipe.
É preciso conquistar a confiança dos colaboradores para que eles se sintam à vontade para o diálogo. Quanto maior for o espírito colaborativo e a consciência de que todos compartilham propósitos comuns, mais fácil será identificar os efeitos do presenteísmo.
Do aspecto prático, você pode realizar uma pesquisa interna, buscando identificar eventuais problemas e o impacto deles no desempenho de produtividade. Ronald Kessler, professor da Harvard Medical School, desenvolveu um excelente questionário para fazer esse levantamento.
Depois de identificado o problema, podemos sugerir várias ações corretivas e preventivas, como:
- Investir na comunicação criando canais específicos para que as pessoas revelem seus problemas;
- Desenvolver atividades preventivas voltadas para o bem-estar e a qualidade de vida;
- Cuidar do clima organizacional visando diminuição do estresse e a eliminação de sobrecargas de trabalho;
- Promover a troca de feedback constantemente;
- Desenvolver plano de carreira como forma de valorização.
Para concluir, sugerimos o máximo de proatividade para combater o presenteísmo. Corrigir esse tipo de problema desde o começo é mais fácil e evita perdas e gastos desnecessários para os colaboradores e para a empresa.